Armindo Monteiro
Presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários
Em 2006 continuámos a verificar que as resistências no Velho Continente a uma reforma profunda da lei laboral e do Estado-providência tiveram o efeito perverso de lançar no desemprego largas faixas da população, em vez de continuar a garantir elevados níveis de protecção social aos cidadãos europeus. Parece-nos por isso legitima a interrogação de Tony Blair: “Mas que modelo social é este que tem 20 milhões de desempregados na Europa?”.
Perante esta situação, são cada vez mais as vozes que se levantam para defender a flexibilização do mercado de trabalho, designadamente através de uma lei laboral menos rígida. Mas considero igualmente que há, a montante, muito a fazer ao nível da organização interna das empresas. O conceito de carreira profissional deve ser repensado à luz de fenómenos como a globalização, a inovação empresarial, o desenvolvimento tecnológico, a profusão de formas atípicas de emprego e o aumento dos níveis de escolaridade dos trabalhadores.
Espero que em 2007 seja possível às empresas organizar-se de forma a incutir nos colaboradores os valores do empreendedorismo, aqui entendido como uma atitude pró-activa, criativa e produtiva na actividade profissional. Deste modo será possível substituir a cultura de funcionalismo ainda enquistada no mercado laboral português e que tão nefastos efeitos tem produzido no tecido empresarial, constituindo um factor potenciador do desemprego.
Mas para que os valores do empreendedorismo se disseminem é indispensável que, no seio das organizações, seja dado aos colaboradores um grau de autonomia que lhes permita ter iniciativa própria, desenvolver a criatividade e assumir responsabilidades mais latas.
N
este quadro, deixariam de pautar a sua conduta profissional pelas rotinas diárias e pelas exigências emanadas de um estrutura hierárquica rígida, passando, eles próprios, a liderarem o seu quotidiano na empresa. Desenvolveriam então iniciativas já não por instinto de preservação do emprego ou como expediente para a progressão na carreira, mas sim pelo espírito empreendedor motivado pela autonomia que referi.