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Como actuar?



01.01.2000



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Responsabilidade Social: Como actuar?
(18-08-2006)

Carla Marisa Magalhães *
ebcarla@fgv.br


Dentro do mundo das organizações, são muitas as que se assumem como socialmente responsáveis, sendo que umas são mais activas do que outras, no que diz respeito a essa temática. Na medida em que a RS tem duas vertentes (a interna e a externa), torna-se necessário analisar o nível de RS das empresas e verificar em que estado elas se encontram.
Comecemos, então, pelo nível interno. Nesta dimensão a empresa deve ter como alvos das suas acções os funcionários e os seus familiares directos. O que se pretende com estas acções internas é aumentar a motivação dos funcionários, no sentido destes melhorarem o seu desempenho, e contribuir para um ambiente de trabalho agradável e para o bem-estar do corpo funcional de um modo geral.

No que diz respeito à dimensão externa, a empresa actua ao nível da melhoria das condições da comunidade e da preservação do meio ambiente. Assim, uma empresa pode ter um comportamento socialmente responsável maior ao nível interno, ou ao nível externo, ou semelhante em ambos os níveis.

O que podemos depreender daqui?

Ora, quando uma empresa pratica a RS na comunidade, mas não o faz internamente, estamos perante uma estratégia típica de Marketing, mediante a qual a empresa apenas pretende promover a sua marca no mercado, não havendo uma preocupação real em torno desta questão, nomeadamente no que diz respeito aos seus recursos humanos. O maior objectivo aqui é a promoção da imagem institucional. Neste caso, além da empresa passar uma imagem falsa para o exterior, a longo prazo pode causar algum descontentamento nos seus funcionários, com base no típico ditado: “Em casa de ferreiro, espeto de pau!”.

Porém, pode dar-se o caso das empresas se centrarem mais na RS ao nível interno do que externo. Estas são empresas que já possuem uma certa consciência social, mas que primeiro se preocupam em “arrumar a casa”. São empresas cuja tendência é evoluir para um nível de RS mais intenso, mediante uma actuação socialmente responsável nas duas dimensões: interna e externa.

Por fim, quando as empresas se encontram neste patamar, em que actuam ao nível das duas dimensões, é sinal que possuem uma forte consciência social. Quanto às empresas que não possuem preocupações deste âmbito, nem a nível interno, nem a nível externo, a expressão RS nem sequer se lhes aplica.

Assim, o ideal é que as empresas actuem nestas duas dimensões, sendo que, para disseminar uma cultura socialmente responsável, se não for possível iniciar a actuação aos dois níveis, em simultâneo, o ideal é começar pelo nível interno e só depois avançar para o externo.

Mas, como actuar? De um modo muito sucinto, a RS pode ser implantada através dos seguintes passos:

1º Análise da cultura da empresa, para se verificar em que ponto se encontra a consciência social dos recursos humanos (e aqui é importante englobar toda a organização, desde a base até ao topo);

2º Criação e disseminação de uma cultura socialmente responsável, apoiada num código de ética e em valores bem definidos e divulgados por todos os membros da organização;

3º Implementação de acções socialmente responsáveis, ao nível interno e externo, envolvendo todos os funcionários, sem esquecer aqueles que ocupam cargos de direcção;

4º Avaliação periódica das acções socialmente responsáveis, para o que em muito poderá contribuir a opinião de todo o corpo funcional e, até mesmo, da comunidade envolvente, nomeadamente daquela que é alvo directo das acções da empresa.

Assim, seguindo estes quatro passos, as empresas podem provocar autênticas revoluções na sua conduta social e incutir valores socialmente responsáveis em todos os seus colaboradores. E se é de extrema importância que os dirigentes organizacionais se empenhem fortemente nesta questão, não é menos importante que esse empenhamento prolifere por toda a organização, independentemente da sua origem, afinal de contas se as empresas sobrevivem às pessoas, o que lá fica são os valores e os conhecimentos transmitidos por aquelas!


*Carla Marisa Magalhães é pesquisadora na área da Responsabilidade Social e doutoranda em Ciências Empresariais, na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, em parceria com a Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro.





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