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A alimentação vegetariana



01.01.2000



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A ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA

ANTÓNIO PEREIRA *



Hoje em dia existe uma maior preocupação em fazer uma alimentação inteligente e biológica, de forma a termos saúde, energia, leveza, vitalidade, beleza e bem-estar.

Essa preocupação aumentou bastante nos últimos anos, devido aos vários problemas surgidos com os animais utilizados, pela maioria das pessoas, na alimentação e que vieram a afectar a saúde dos seres humanos. Devido a esses factos surgiu uma certa preocupação em relação ao que se poderia comer, sem prejudicar a saúde e como através da escolha cuidada e inteligente dos alimentos se pode fortalecer e melhorar a condição física, emocional e psíquica.

Estes factos e outros, fez com que surgisse um maior interesse e curiosidade pela alimentação vegetariana. No entanto, existem uma série de equívocos e informações incorrectas sobre este tipo de alimentação, que são fruto da ignorância generalizada sobre o que é o vegetarianismo.

O Vegetarianismo consiste num regime alimentar em que não se comem carnes de qualquer espécie. Nem vermelhas, brancas, ou às cores. Daí não existir alguma variante que coma peixe ou marisco (carnes).

O Vegetarianismo divide-se em três grupos:

1) O lacto-ovo-vegetarianismo, mais conhecido por Vegetarianismo, é uma alimentação onde entra tudo o que é usado na alimentação comum, excepto as carnes de qualquer espécie.

2) O Vegetalianismo ou lacto-vegetarianismo é igual ao anterior, mas sem o consumo de ovos.

3) O Vegetarismo também chamado de Vegetarianismo Puro, ou Veganismo, consiste numa alimentação sem carnes, sem ovos e sem lacticínios.

O mais comum dos três é o primeiro. Assim quando alguém diz ser vegetariano, na maioria dos casos, está simplesmente a dizer que não come carnes de qualquer espécie.

O lacto-vegetarianismo é o tipo de alimentação usada na Índia pelos hindus e por algumas pessoas que após vários anos de ovo-lacto-vegetarianismo decidiram não consumir ovos.

O veganismo, é adoptado por alguns períodos curtos, por alguns vegetarianos e lacto-vegetarianos, como forma de limpeza ou desintoxicação do organismo ou por algumas pessoas que desenvolvem um certo extremismo que geralmente está relacionado com comportamentos doutrinários.

Infelizmente, pelo facto de um vegetariano não comer carnes de animais mortos, a maioria das pessoas têm a ideia que ele só come saladas. Acontece que um vegetariano, só de vez em quando é que come saladas e, normalmente, é um gourmet sofisticado e exigente que além de pretender ter uma boa higiene alimentar e saúde, também quer ter prazer naquilo que come, como qualquer ser humano.

Quem adopta a alimentação vegetariana, faz questão de comer todos os tipos de pratos de forno e fogão tais como: empadões, souflés, pizzas, panados, massas em geral, gratinados, strogonofes, fondues, empadas, rissóis, molhos de tomate, de cebola e outros, maioneses e as imensas variedades de legumes, cereais, hortaliças, frutos, raízes, ovos, leite, queijos, iogurtes, etc, mais a enorme e espectacular gama de especiarias como os oregãos, cominhos, coentros, noz-moscada, tomilho, gengibre, cardamomo, poejo, alecrim, paprica, louro, salsa, cravo, canela, manjericão, manjerona, chili, curry, masala e muitos mais.

Portanto, não ofereça somente salada aos seus amigos vegetarianos, os quais talvez até aceitem por uma questão de educação, mas ficarão cheios de pena da sua ignorância.

Uma outra ideia errada sobre o vegetarianismo é a de que se come sómente produtos integrais.

Pense um pouco. Será que os alimentos refinados, como o arroz branco, as massas, etc, deixam de ser vegetais e passam a ser algum tipo de carne? Como sabe não deixam de ser vegetais e por isso os vegetarianos comem alimentos refinados e integrais, sem nenhuma paranóia de na refeição x ou y não terem comido alimentos integrais.

A maioria das pessoas pensa que um vegetariano tem carência de proteínas por não comer carnes. Então existe a ideia de que se tem de comer soja para ir buscar a proteína em falta. Acontece que hoje em dia come-se proteínas em excesso e ao deixar-se de comer carnes, reduz-se o seu consumo excessivo, sem se ficar carente. Além disso a soja é indigesta, desnecessária e contêm um excesso de proteínas.

As proteínas necessárias são obtidas através da ingestão de um conjunto variado de alimentos, como feijões, lentilhas, ervilhas, pão, arroz, legumes, entre outros. Por isso, um vegetariano não come soja, a não ser que esta entre na composição de um prato.

A alimentação tradicional indiana - hindú, o regime vegetariano mais antigo, nunca usou soja desde há milhares de anos e toda a gente que experimenta uma refeição indiana fica saciada e fascinada com os sabores. Portanto, quando fôr a um restaurante indiano experimente um prato vegetariano.

Por falta de informação, a maioria das pessoas pensa que o tofú (queijo de soja), o miso (pasta de soja), o shoyu (molho de soja), as algas e outros produtos alimentares, encontrados em restaurantes e supermercados especializados, fazem parte da culinária vegetariana. Esses elementos não entram numa refeição estritamente vegetariana. Eles pertencem à macrobiótica, à cozinha japonesa e chinesa e como tal são utilizados na confecção dos seus pratos.

Um outro absurdo muito comum, é o de se achar que os vegetarianos não podem beber refrigerantes. A questão não é discutir se os refrigerantes são saudáveis ou não, mas denunciar a estupidez ou no minímo a falta de informação daqueles que pensam que por não se comer carnes, não se pode beber um refrigerante.

Por último, vem um outro absurdo muito comum em relação ao consumo de açúcar. Pelo facto de os vegetarianos não comerem carnes, muita gente acha que também não devem comer açúcar. Como se o açúcar fosse carne. Porém, muito gente acha que sim, como é o caso das companhias aéreas, as quais, geralmente suprimem a sobremesa, o chocolate, os biscoitos e também o queijo e a manteiga, aos passageiros que simplesmente não querem comer carnes.

O açúcar como toda a gente sabe é vegetal e os vegetarianos simplesmente não comem carnes de qualquer espécie. O Vegetarianismo não tem nada contra o açúcar, sómente aconselha a que se evitem os exageros na utilização de alimentos empobrecidos pelo refinamento e é tudo. Portanto, não deixe de oferecer um chocolate ou uma sobremesa às suas amigas e amigos vegetarianos.

Para ficar a conhecer melhor o vegetarianismo e complementar estes esclarecimentos procure ler bons livros, isto é que não queiram doutrinar o leitor, e que tenham receitas para que ponha à prova os seus dotes culinários.

Entretanto, experimente as delícias desta alimentação num restaurante indiano, de tradição hindú, ou nos poucos restaurantes vegetarianos que já vão existindo em Portugal, ou faça na sua casa a receita que lhe sugerimos.

Alho francês à Braz

"Bacalhau fingido"

azeite;

2 pacotes de batatas fritas em palha;

2 alhos franceses;

algumas azeitonas pretas;

1 ovo.

Lave muito bem os alhos franceses, tirando toda a terra que eventualmente possam ter, e corte-os em pedaços pequenos. Tire o caroço das azeitonas e corte-as aos bocadinhos.
Coloque ao lume um tacho largo, com um pouco de azeite no fundo, para pôr o alho francês a estufar até ficar mole. Depois coloque as batatas fritas e vá mexendo para não agarrar, até estas ficarem mais amolecidas. Entretanto, abra o ovo numa tijela e bata-o com um garfo, até misturar bem a gema com a clara. Misture os bocados de azeitonas pretas com o resto dos ingredientes, e aos poucos, enquanto vai mexendo todos os ingredientes, coloque em fio o ovo batido, enquanto vai mexendo toda a mistura até sentir tudo ligado.Então está pronto o seu alho francês à bráz, com sabor a "bacalhau" à bráz, mas sem ter algum tipo de animal morto. Bom proveito!

Bibliografia aconselhada: Faça Yôga antes que você precise, Mestre DeRose e O Gourmet Vegetariano, Profª. Rôsangela de Castro, ambos da Universidade Internacional de Yôga.


* Discípulo directo do Mestre DeRose, há mais de 20 anos;
Prof. de Swásthya Yôga formado pela Universidade Internacional de Yôga;
Director-Geral da Unidade António Pereira, da REDE DeROSE;
Director da Universidade Internacional de Yôga;
Presidente da Associação Profissional de Professores e Instrutores de Yôga de Lisboa.
Tel.: 21 846 39 74






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