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“Um consumidor mais vigilante não me assusta”

António Nogueira de Brito 56 anos, é o novo presidente da APED



02.06.2023



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Chegou à presidência da APED — Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição no momento crítico da aplicação do IVA zero num cabaz de alimentos essenciais e no meio da desconfiança quase geral face ao sector do retalho alimentar. “O que se passou neste processo foi bastante duro, com efeitos negativos para as empresas associadas da APED e para a sua reputação”, admite António Nogueira de Brito, surpreendido pelo “dramatismo” da atuação da ASAE a denunciar irregularidades no sector em vésperas da passagem de testemunho na presidência da associação de Isabel Barros para ele, da Sonae para a Jerónimo Martins.

“Sentimos no dia a dia das lojas que os consumidores es-“Um consumidor mais vigilante não me assusta”António Nogueira de Brito 56 anos, é o novo presidente da APED tavam zangados, desconfiados, a verificar os talões como nunca antes o tinham feito”, comenta, admitindo que “a reputação do sector caiu de forma abrupta” e, mesmo se o terreno está a ser recuperado, “não há dados sobre os prejuízos causados pela desconfiança que o Governo e a ASAE lançaram sobre o sector do retalho alimentar”. No entanto garante: “Um consumidor mais vigilante não me assusta. Estamos habituados ao escrutínio permanente da ASAE e de muitas outras organizações.

”E foi mais difícil gerir a pandemia ou toda esta desconfiança? “Em termos de trabalho, mobilização de equipas, gestão do dia a dia, a pandemia foi mais desafiante, mas estávamos todos mobilizados para o mesmo objetivo. Agora, sentimos o desconforto de uma espécie de caça às bruxas que nos queria culpar pela inflação, talvez por sermos a face visível da cadeia de abastecimento e quem está mais perto do consumidor”, responde Nogueira de Brito, na liderança de um sector que emprega 144 mil trabalhadores e já defendia há muito a redução do IVA na alimentação. Sabe que “o mercado não pára” e os preços podem continuar a subir ao longo da cadeia de produção alimentar, tal como noutros sectores, das embalagens aos transportes e à energia. No entanto, apesar de o contexto ser de enorme incerteza, acredita que “podemos estar a entrar na fase de estabilização”, e “no segundo semestre já podemos estar em patamares mais habituais”.

Nos quatro anos de mandato que tem pela frente sabe que um dos desafios do retalho alimentar é recuperar os danos reputacionais. E serão quatro anos de “mudanças profundas” no que respeita à sustentabilidade, à digitalização, ao online.

Quanto à forma de gerir uma associação que junta empresas concorrentes, está tranquilo. “As empresas associadas concorrem entre si no dia a dia para ganhar clientes, mas na APED falam do que as une, não do que as separa”, conclui.






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