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Que competências quer o mercado?

Com o desemprego a atingir níveis elevados e a poucas semanas da abertura de mais uma edição da feira da juventude, qualificação e emprego — a Futurália —, as competências e perfis essenciais para vencer no mundo laboral estão em destaque
13.11.2008


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Cátia Mateus
O Futuro tem saída!, é o lema da edição 2008 da Futurália — Feira da Juventude, Qualificação e Emprego numa altura em que, levados pelas subidas crescentes do desemprego, grande parte dos jovens estudantes e recém-licenciados não encaram o seu horizonte profissional com tanto optimismo. Uma conjuntura que esta edição do certame, que arranja já a 10 de Dezembro na Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações, tem por meta combater. Depois de ter superado os 35 mil visitantes em 2007, a Futurália surge alargada e com uma aposta muito estruturada nas áreas da internacionalização académica, formação e ligação às empresas, tendo como aposta mostrar aos jovens ainda estudantes com que ferramentas podem vencer no cada vez mais competitivo mundo do trabalho.

Para alcançar um público mais alargado e cumprir o seu desígnio de ligação ao mundo empresarial, a Futurália integra na sua Comissão Consultiva (presidida pelo Professor Marçal Grilo), vários especialistas entre os quais Paulo Simões, partner da Egon Zehnder International, uma das líderes mundiais em Executive Search, Talent Management e Board Consulting. A empresa opera, sobretudo, ao nível de «midle» e «top management», cobrindo a generalidade das funções a que muitos visitantes da feira podem um dia vir a tentar alcançar.

O especialista reconhece que as empresas têm um papel importante na motivação e na orientação dos jovens estudantes quando estes se encontram ainda a decidir o seu percurso profissional. Orientá-los é, simultaneamente, assegurar que sejam no futuro profissionais competentes, motivados, conscientes daquilo que o mercado espera deles e também construir para o seu desenvolvimento pessoal e laboral. Uma tarefa que começa por fazer passar o que realmente importa para o mercado em termos de competências.

“Há vários meses que se sente no mercado alguma recessão. Nas últimas semanas a situação tem vindo a piorar e há várias empresas nacionais e estrangeiras a adiar ou até cancelar recrutamentos. Estando a nossa actividade normalmente a seis ou 12 meses à frente dos ciclos macroeconómicos, é de prever um 2009 algo complicado”, enfatiza Paulo Simões. A conjuntura lança dá o mote à necessidade de um investimento adicional na elucidação dos jovens para as competências essenciais ao sucesso no mundo laboral. “No mundo altamente competitivo em que vivemos, a universidade, o inglês, a informática, além da ética, são os requisitos mínimos. Ou seja, necessários mas não suficientes. Estes requisitos têm de ser acompanhados de competências distintivas para maximizarem a probabilidade de sucesso profissional”, explica o especialista acrescentando que “a boa notícia é que estas competências podem ser desenvolvidas desde a adolescência, devendo depois acompanhar toda a vida”. (ver caixa)

Uma ideia que é, de resto, o mote parcial da Futurália. Há muito que parte do investimento deste certame se centra nesta área. A feira encara a inserção na vida activa como um desafio contínuo que tem início desde a adolescência, passando pela universidade, a primeira experiência laboral, a qualificação ao longo da vida e, até, a experiência de internacionalização académica ou laboral. A Futurália reúne por isso um vasto leque de presenças, transversais a estas áreas, com destaque para as universidades nacionais que aderem em elevado número ao evento, mas também para as empresas onde o grupo Auchan, a Siemens ou a Sonae Distribuição marcam presença com a partilha de experiências na área do recrutamento e programas de estágio.

Uma amplitude na qual reside parte do sucesso deste evento que já foi visitado por mais de 500 mil pessoas desde a sua criação. “A grande mais-valia da Futurália consiste em ajudar os adolescentes, jovens e as respectivas famílias, particularmente os que vêm de meios menos favorecidos ou informados, a perceber a diversidade de ofertas de desenvolvimento educacional e profissional que hoje existe, bem como tornar as decisões posteriores mais acertadas”, enfatiza Paulo Simões.

O especialista salienta que com o passar das edições, “espera-se que o certame ajude os jovens portugueses a perceber que a sua competitividade global depende de uma série de estímulos e experiências de desenvolvimento que vão muito além da escolaridade obrigatória, ou mesmo de uma licenciatura”. Na verdade, Paulo Simões acredita que na altura de recrutar o empregador dá muito valor a questões como a ética, a inteligência emocional ou a senioridade intelectual. Factores que podem fazer a diferença e que resultam da vivência dos jovens.

Uma vivência que, reconhece, é cada vez mais voltada para o panorama internacional. Com um número cada vez maior de estudantes a apostarem em programas de mobilidade, como o Erasmus, a Futurália não teve como não reservar uma importante parcela da sua área de exposições à secção «study aboard», onde várias instituições de ensino estrangeiras se apresentam ao público português mostrando que o mundo lá fora é aliciante para crescer profissionalmente. Universidad de Cádiz, University of Bath School of Management, Universidad de Salamanca, The Hague University, London Metropolitan University ou a Australia Work and Study (composta por um grupo de várias universidades australianas) vêm a Lisboa para tentar captar estudantes e mostrar formas acessíveis de valorização académica no estrangeiro.

Pontos a favor de qualquer candidato

Paulo Simões, «partner» da Egon Zehnder International, acrescenta aos considerados ‘requisitos mínimos' um conjunto de competências distintivas que valorizam qualquer candidato no mercado de trabalho e que têm vindo a tornar-se apetecíveis para a generalidade das empresas. Competências que nenhum candidato a emprego deve descuidar e que a Futurália quer ajudar a impulsionar logo nas camadas mais jovens. A saber:

. Visão estratégica: exige pensar além da sua própria área, alavancando capacidades analíticas e conceptuais. Para isto pode contribuir o trabalho em equipa, onde o impacto do que se faz é discutido e apreendido por todo o grupo;

. Liderança: implica construir e gerir grupos de trabalho eficientes e focados. Esta competência pode emergir em várias áreas (do desporto à cultura) e ser testada mesmo fora do ambiente profissional, regra geral com resultados positivos.

. Abertura à mudança: obriga a envolver e motivar outros na busca activa de melhorias e posterior implementação com sucesso. Uma vivência de dois ou mais anos no estrangeiro, por exemplo, oferece uma abertura mais ampla de horizontes e uma maior inclinação para questionar o «statu quo», saindo da zona de conforto.

. Orientação para resultados: incita à energia constante para a procura consistente de objectivos e optimização do retorno do investimento. Esta competência é a base sobre a qual deve ser construída uma carreira profissional, mas que acompanha todos os profissionais desde que nascem.

A esta lista, o especialista acrescenta ainda a importância de dois factores imprescindíveis: a competição e o ‘acreditar para vencer'. Elementos que nunca devem ser subestimados.





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