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Quanto custa a transformação digital ao emprego?

Quanto custa a transformação digital ao emprego?

Quatro em cada dez empresas desaparecerãodo mercado nos próximos cinco anos devido à transformação digital. O número é avançado pelo Centro Global para a Transformação Digital dos Negócios que garante que apenas 25% das organizações abordam a digitalização de uma forma proativa. Entre os sectores que apresentam maior podencial disruptivo perante esta tendência estão o Retalho, Media e Entretenimento, Serviços Financeiros e Telecomunicações. Mas qual é na verdade a fatura que a evolução tecnológica future apresentará aos profissionais?

21.08.2015 | Por Cátia Mateus


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“A transformação digital tem o potencial de remodelar o mercado empresarial com maior rapidez que qualquer outra força conhecida na história”. Esta desta forma que o relatório “Digital Vortex: How Digital Disruption is Redefining Industries”, recentemente apresentado pelo Centro Global para a Transformação Digital dos Negócios (DBT Center, Global Center for Digital Business Transformation) - uma iniciativa conjunta da Cisco e do International Institute of Management Development (IMD) de Lausanne, na Suíça – resume o potencial impacto da transformação digital nas organizações e na vida dos profissionais. O estudo revela que, nos próximos cinco anos, a transformação digital fará desaparecer do mercado cerca de 40% das atuais empresas em cada um dos 12 sectores analisados.

Muito se tem debatido sobre o impacto da tecnologia no emprego, com argumentos muitas vezes dispares. Iyanatul Islam, do Departamento de Políticas de Emprego da Organização Internacional ddo Trabalho (OIT), reconhece numa análise no âmbito do forum Social Europe, que a evolução tecnológica está a mudar o mundo do emprego nas economias mais avançadas, mas defende que não é óbvio que isso se traduza em reduces drásticas de postos de trabalho. Pode parecer um contrasenso, mas para o especialista “a difusão da tecnologia altera os custos relativos quer nos produtos quer nos factores de mercado, causando dois efeitos antagónicos no emprego: por um lado, o ‘efeito de substituição’ do trabalho humano pelas máquinas conduz, efetivamente, à destruição de emprego, por outro, este ‘efeito de substituição’ pode ser compensando pelos proveitos gerados com a redução dos custos de produção e preços finais, potenciados pelo uso da tecnologia que aumenta a procura de outros bens e serviços, estimulando assim a criação de novas profissões e indústrias”.

Iyanatul Islam defende que o impacto do progresso tecnológico nos empregos diretos pode também assumir múltiplas formas. “Podemos estar perante um grau de impacto neutro em relação ao trabalho, podemos ter situações em que a aplicação da tecnologia estimula e aumenta a necessidade de utilização de profissionais com competências complementares às inicialmente aplicadas à função, ou até potenciar o recurso a trabalhadores externos de forma pontual”. Fará sentido falar em níveis de destruição do emprego em grande escala associadas à evolução tecnológica? Para Islam, “não é óbvia nem linear essa associação”. O que para o especialista é um facto é que há grupos específicos de profissionais – os menos qualificados e regra geral os de salaries mais baixos – que saem mais penalizados nesta progressão tecnológica. “A perspetiva de ter as máquinas a ‘matar’ milhões de empregos é real e pode afetar mais determinados sectores do que outros, dentro do mesmo país”, reconhece.

O especialista argumenta ainda que “em muitos casos a tecnologia está também a contribuir para um aumento das desigualdades o mercado de trabalho” criando fossos entre os muito qualificados e com forte aptidão tecnológica e capacidade de adaptação e mobilidade entre carreiras e os profissionais pouco especializados ou qualificados. Os os maiores impactos da destruição de trabalho atingem este último grupo, no que Iyanatul Islam apelida de “evolução das tecnologias de poupança de trabalho”, ou seja, a substituição pura do homem pela máquina com fins unicamente economicistas que pode, em última análise, “conduzir ao esvaziamento das ocupações da classe media”. Estudos recentes sugere, segundo o especialista, que um número significativo de postos de trabalho em várias indústrias podem, efetivamente, estar a ser substituidos por ‘tecnologias de poupança de trabalho’. Entre os sectores mais afetados estão os Serviços.

Entre os que menos riscos correm está a educação. “As evidências sugerem que, pelo menos nas economias avançadas, o processo de evolução tecnológica é susceptível de colocar um número significativo de postos de trabalho de diferentes indústrias em risco. Porém, a magnitude destas perdas é discutível, já que novas indústrias e profissões têm estado a surgir – fruto da capacidade de adaptação e criatividade dos profissionais - em resposta a esta evolução das máquinas”, enfatiza. Minimizar o impacto da evolução tecnológica no emprego passa também, segundo o especialista, por um papel interventivo do Estado. “Um compromisso renovado para o emprego pleno e produtivo passa pelo investimento na qualificação adequada da força de trabalho, uma ampla base de medidas de protecção social, políticas ativas de emprego, promoção e proteção dos direitos dos trabalhadores nos locais de trabalho, e uma formação regular orientada para o futuro”, realça.



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