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Licenciados ganham mais €83 em três anos

Licenciados ganham mais €83 em três anos

Empresas vão contratar mais em 2018. Remuneraçaõ média sobe, mas muitos recém-licenciados vão receber menos.

24.09.2017 | Por Cátia Mateus


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Um recém-licenciado que conquiste este ano o seu primeiro emprego poderá ganhar em média mais €1156 brutos anuais (€82,5 mensais) do que em 2014. Há três anos que a média salarial dos profissionais mais jovens parece estar evoluir favoravelmente, situando-se hoje nos €16.430 contra os €15.274 praticados em 2014. Na semana em que a Mercer e a Jason Associates revelaram o seu estudo anual de compensações e salários, o Total Compensation Portugal 2017, o Expresso cruzou os dados deste ano com edições anteriores do inquérito e concluiu que, apesar desta subida, as empresas estão a nivelar por baixo os salários de muitos dos jovens licenciados em início de carreira. É que os tetos mínimos de remuneração praticados pelas empresas até aumentaram nos últimos anos, mas o máximos diminuirão. E a maior parte dos jovens considerados na amostra da Mercer — 154.826 inquiridos em 333 empresas nacionais — está hoje mais próxima dos tetos mínimos salariais.
 
Em 2014, um jovem que integrasse pela primeira vez o mercado de trabalho, e conseguisse mais do que estágios não remunerados, poderia contar com uma remuneração base entre os €12.600 e os €18.177 brutos anuais. O equivalente a um salário mensal bruto que variaria entre os €900 e os €1291. De lá para cá, o patamar mínimo dos salários praticados evoluiu favoravelmente, mas o teto máximo das remunerações para quem está em início de carreira tem vindo a diminuir progressivamente.
 
A análise das previsões remuneratórias dos estudos Total Compesation, entre 2014 e 2017, revela que, pese embora um ligeiro aumento no valor máximo que as empresas estavam dispostas a pagar a um jovem em início de carreira, ocorrido entre 2014 e 2015, altura em que o valor atingiu o pico de €18.177 brutos anuais, o montante máximo pago aos recém-licenciados portugueses tem vindo sempre a baixar e é atualmente €321 inferior ao que era em 2015. Hoje, um jovem profissional nestas circunstâncias aufere, segundo as contas da consultora, entre €948 brutos mensais e €1275.
 
Mas é na evolução destes intervalos que está o cerne da questão. Para perceber exatamente quanto ganha hoje um recém-licenciado no primeiro emprego, o Expresso solicitou à consultora a evolução da média salarial para este grupo profissional entre 2014 e 2017. As contas diferem consoante a referência considerada seja a média ou a mediana salarial.
 
No primeiro caso, se analisada a média dos salários, constata-se que há um efetivo aumento do valor das remunerações praticadas (€15.274 em 2014 para os €16.430 atuais). Porém, se considerarmos a mediana — o valor acima e abaixo do qual estão exatamente 50% dos recém-licenciados — os salários estiveram sempre a descer entre 2014 (€15.200 brutos anuais) e 2016 (€14.000).  No último ano, no entanto, a mediana subiu para os atuais €14.791 brutos anuais. Mas o valor continua a ser €409 inferior ao praticado há três anos. Esta divergência explica-se com a evolução dos tetos mínimo e máximo salarial ocorrida nos últimos anos e com o facto da maior parte dos recém-licenciados portugueses estar mais próxima em termos remuneratórios dos patamares mínimos salariais.
 
Um contexto que deverá acentuar-se ainda mais no próximo ano, já que 40% das 333 empresas portuguesas inquiridas no âmbito do estudo confirmam intenções de contratação e alargamento da sua equipa, em vários níveis funcionais. Números bastante mais otimistas do que os apurados pela consultora em 2014. Nesse ano, 73% das empresas estavam determinadas em manter o seu número de quadros e não proceder a grandes alterações de pessoal.

Benefícios compensam
A carteira dos recém-licenciados portugueses poderá ter ficado um pouco mais leve, com as empresas a fixarem a sua média de remunerações em patamares mínimos, mas para a generalidade dos níveis funcionais das organizações portuguesas, a Mercer até dá sinais de otimismo. Durante este ano, os incrementos salariais rondaram os 2% para a generalidade  dos níveis de responsabilidade. O valor, que é o mais elevado dos últimos anos, deverá manter-se em 2018, indica a consultora.
 
Tiago Borges, responsável da área de Rewards da Mercer/ Jason Associates, realça que “os aumentos salariais são influenciados por diversos fatores, sendo que as funções de maior nível de responsabilidade têm sido as mais penalizadas em fases de contração da economia, mas também as que mais recuperam em períodos de crescimento económico”. Segundo o especialista, comparativamente a este ano, verifica-se que as expectativas de incremento salarial projetadas para 2018 rondam os 2% para a generalidade das famílias funcionais, “ligeiramente mais para as funções de topo e menos para as funções de menor responsabilidade”.
 
O estudo confirma também que o há muito já se vem constatando: apesar dos incrementos salariais previstos e da diminuição das empresas que expressa intenção de congelar salários, “a entrada de novos profissionais no mercado a aceitarem remunerações inferiores continua a pressionar os salários reais em praticamente todos os níveis de responsabilidade”, reconhece a consultora. Em cerca de 91% das empresas analisadas é prática a atribuição de formas de remuneração variável (bónus).
 
Em matéria de benefícios, a necessidade de retenção dos melhores quadros, tem forçado também uma evolução positiva. A concessão de um complemento de subsídio de doença aos trabalhadores é prática em 47% das empresas. Mais 10% do que no ano passado. O seguro de saúde é prática em 93% das organizações e em 63% dos casos é extensível aos familiares. Na maioria das empresas (76%), o custo para o colaborador é totalmente suportado pela organização. Seguros de vida (73%) e de acidentes pessoais (50%) são também comuns, assim como os planos de pensões que já são oferecidos em 44% das firmas. 30% das empresas concedem também empréstimos para fazer face a situações de emergência (95%), despesas de hospitalização (63%) ou educação (29%).


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