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'Franchising' dinamiza emprego

24.04.2003


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Cátia Mateus

Apesar da crise que afecta o país e induz à cautela nos investimentos, o espírito empreendedor mostra vigor e aposta forte no "franchising". Das marcas presentes no mercado, 38% são nacionais.

PORTUGAL registou em 2002 qualquer coisa como 354 franchisadores a operar no mercado. Um número que segundo dados do "8º Censo - O Franchising em Portugal", realizado pelo Instituto de Informação em Franchising (IIF), se traduz numa quebra face a 2001, altura em que o mesmo estudo apurou a existência de 363 franchisadores em território nacional.

Para Eduardo Miranda, presidente do IIF, "esta pequena diminuição tem pouco ou nenhum significado em termos de dinamismo do 'franchising', devendo-se




Eis a radiografia do "franchising" em Portugal no ano de 2002






Rumo à FIL






Um conceito com 'sotaque' estrangeiro



principalmente a um maior rigor no critério de inclusão e exclusão das marcas". A prová-lo está o facto de em 2002, e apesar do panorama de crise, a abertura de novas unidades de "franchising" ter sido responsável pela criação de qualquer coisa como quatro mil novos postos de trabalho.

No mercado português do "franchising" dominam os sectores do comércio e serviços. Todavia, esta modalidade negocial abarca cerca de 70 sectores de actividade e no ano passado registou no país um volume de negócios na ordem dos 2,632 milhões de euros, um crescimento de 5% face ao ano anterior.

Na realidade, embora desde 1999 o número de marcas a operar em "franchising" pouco se tenha alterado, este é um sector que se pauta pelo dinamismo. De acordo com Eduardo Miranda, "todos os anos, cerca de meia centena (15%) das marcas abandonam o 'franchising' para dar lugar a um número similar de empresas que iniciam actividade neste sistema".

O ano passado não foi excepção. Diz o responsável que "o ambiente de concorrência, fruto de uma maior maturidade do mercado, tem contribuído para elevar a qualidade média dos franchisadores".

Analisando os dados do últimos Censos do "franchising", o presidente do IIF não tem dúvidas em afirmar que "as marcas que estão implantadas há algum tempo reforçam cada vez mais a sua posição, dificultando o trabalho de novas redes".

Ainda assim, em 2002 o mercado nacional assistiu à entrada de 42 novos franchisadores, contra 51 abandonos de marcas já implantadas. Um abandono que Eduardo Miranda explica com "empresas que se lançam no 'franchising' sem plena consciência do impacto desta decisão e logo a seguir se vêem obrigadas a suspender e a adiar o projecto".

Contudo, na análise que faz, o presidente do IIF destaca a inversão na tendência de crescimento do sector do comércio, ocorrida no ano 2002. Pela primeira vez, refere, "o comércio representou 31% das novidades e, mais surpreendente, o pronto-a-vestir contribuiu apenas com 9%. Em contrapartida, os serviços passaram de 30% de novas marcas, em 2001, para 50% em 2002".

Na realidade, o estudo do IIF revela que no ano passado as principais novidades em matéria de "franchising" se centraram na área dos serviços para particulares, especialmente os ligados à saúde e à estética.

Apesar da conjuntura económica desfavorável vivida em 2002, estima-se que o "franchising" tenha registado um crescimento de 5 a 10% face a 2001. Ao todo, este mercado envolve actualmente 7822 lojas ou unidades. Para Eduardo Miranda, o bom desempenho desta modalidade "centra-se mais nos empresários do que no mercado".

O responsável salienta que "o mais importante é a visão dos empresários perante as adversidades". Uma prova, diz, "é que 2002 foi palco de alguns recordes históricos de crescimento protagonizados por marcas que em alguns casos operavam em sectores afectados pela crise, como foi o caso do imobiliário".

As marcas nacionais permanecem no topo da tabela de origem dos "franchisings" existentes no mercado. São portuguesas 135 das marcas franchisadas. A seguir vem a Espanha, com 90 marcas e só depois os Estados Unidos da América, com 44.

De acordo com o Censo do IIF, é crescente a aposta das marcas portuguesas no estrangeiro. Eduardo Miranda garante que há muitos "franchisings" com intenção de internacionalização, mas assegura que "o processo não é fácil e as marcas nacionais têm de lutar contra a deficiente imagem de Portugal como exportador de saber-fazer, aliada a uma falta de mobilização para a cooperação nestas acções, seja em parte por culpa da política das autoridades competentes, seja por culpa da própria mentalidade individualista dos empresários nacionais".

Porém, Eduardo Miranda assegura que "mesmo em ano de crise, com algumas marcas e 'franchisings' a sentirem o efeito da queda do consumo, o mercado do 'franchising' apresentou crescimentos positivos e, acima de tudo, dinamismo".

O censo "O Franchising em Portugal" é realizado há oito anos pelo IIF.




Eis a radiografia do "franchising" em Portugal no ano de 2002

Universo: 354 marcas representadas no país

Distribuição por sectores de actividade: 49,6% Comércio (19,2% moda; 7,9% produtos para casa; 22,5% outro comércio especializado); 40,7% Serviços (21,5% serviços para particulares e 19,4% Serviços para empresas/mistos) e 9,7% Restauração/ Hotelaria (6,1% "Fast food" e restaurantes; 0,2% Hotelaria; 3,4% Alimentação especializada)
Origem maioritária das marcas: 38,1% portuguesas; 25,4% espanholas; 12,4% americanas

Crescimento estimado do mercado: entre 5 a 10% face a 2001

Volume de negócios apurado: 2,632 milhões de euros

Postos de trabalho criados: quatro mil

Fonte:
8º censo "O Franchising em Portugal", Instituto de Informação em Franchising.





Rumo à FIL

A OITAVA edição da Expofranchise já tem data marcada. Durante três dias - de 17 a 19 de Maio -, a Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações, acolhe um certame onde o objectivo é mostrar as melhores oportunidades de "franchising".

Organizada pelo Instituto de Informação em Franchising (IIF), a feira deverá reunir num só espaço cerca de 150 expositores, em representação de sectores de actividade tão diversos como a restauração, imobiliário, acessório de moda, serviços, entre outros. O IIF espera ter uma afluência próxima dos 10 mil visitantes.

De acordo com o presidente do IIF, Eduardo Miranda, "a par das presenças já habituais, será possível encontrar um grande número de estreias nacionais e internacionais e até assistir ao regresso de alguns conceitos que voltam a apostar neste certame como meio de divulgação e captação de 'franchisados'".

Em grande força nesta edição da Expofranchise estão os serviços para particulares. A sublinhar a tendência de subida dos conceitos na área da saúde e da estética, estarão presentes no certame marcas como a Briozexpress, High Care Center ou Clínica do BemEstar.

Todavia, outros sectores estarão representados no certame. Restauração e comércio têm lugar cativo e trazem consigo um vasto leque de novidades. A presença internacional também está garantida com um vasto leque de marcas até agora desconhecidas do grande público.





Um conceito com 'sotaque' estrangeir

Fernanda Pedro

A IMPLANTAÇÃO de marcas nacionais "franchisadas" tem vindo a aumentar consideravelmente no mercado português. Mas convém não esquecer que o "franchising" entrou em Portugal através de negócios estrangeiros. Era um conceito original e inovador que vingou e teve sucesso no nosso país.

Um bom exemplo disso foi a introdução do conceito da reciclagem. A utilidade desta actividade é inquestionável. Todos sabemos que a não-regeneração dos cartuchos de impressoras, faxes e fotocopiadoras tem incidências negativas no meio ambiente.

Vítor González e a sua filha Catarina González, conscientes desse problema, fundaram há cinco anos a Recitoner, uma empresa de comercialização e reciclagem de consumíveis informáticos, no Laranjeiro. Escolheram o negócio na Feira de Franchising de Valência, em Espanha, e, com um investimento de 75 mil euros, trouxeram a patente de "master" para Portugal.

E se ainda existe alguém que não reconheça as vantagens da reciclagem, Catarina dá um exemplo: "Se uma empresa utilizasse a reciclagem, não necessitaria de comprar novos produtos informáticos. Ao utilizá-la pagaria os produtos à empresa de reciclagem por metade do preço que teria de pagar por uns novos".

Com um volume de facturação anual na ordem dos 600 mil euros, a empresa que começou apenas com um empregado tem actualmente 10 a tempo inteiro. E em cinco anos já surgiram mais de 20 empresas "franchisadas" em todo o país.

"O investimento inicial não é muito grande, daí que, quem quiser lançar-se num negócio destes, tem ainda um grande mercado em expansão", afirma Catarina González.

Foi também há cindo anos que surgiu em Portugal a Fun Science, Ciência Divertida, tendo sido a primeira franquia pioneira nesta área de negócio no país. A Team - Projectos de Investimento foi a empresa que trouxe o "master franchising" deste negócio, cujo principal objectivo é desenvolver actividades para crianças entre os três e os 12 anos, em duas vertentes distintas, a pedagógica e a de animação.

O objectivo da Ciência Divertida é ensinar ciência às crianças de uma forma lúdica e desenvolver o seu sentido de observação e de experimentação. Por esse motivo, desde 1998 que realiza actividades no Visionarium - Centro de Ciência do Europarque, dirigidas a crianças do 1º ciclo do ensino básico.

"A Ciência Divertida em Portugal apostou desde o início na investigação e desenvolvimento como motor para o seu sucesso"
, refere Ana Tavares, responsável de comunicação da Ciência Divertida.
Eduardo Amaro é o actual responsável pela rede de 17 empresas "franchisadas" abrangendo 93 concelhos.

Quanto a perspectivas para o futuro, Ana Tavares revela que passam por diversos objectivos, entre os quais o alargamento da faixa etária, através da parceria estabelecida com o Visionarium para a realização de "workshops" científicos para jovens com mais de 12 anos, pela comercialização de produtos na área científica e por uma evolução geográfica no sentido de abarcar em 2003 metade dos concelhos em Portugal.





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