Já ouviu falar de Work-life Design? É o desafio do momento na gestão de recursos humanos, num contexto de carreira onde as novas gerações de profissionais privilegiam cada vez mais empresas amigas da conciliação entre o trabalho e a família.
As expectativas dos trabalhadores portugueses em relação à carreira estão a mudar. O salário já não figura no topo das prioridades na altura de decidir o seu futuro profissional ou escolher a empresa a que se candidata. Afonso Carvalho, diretor-geral da Kelly Services, cita as últimas conclusões do estudo Kelly Global Workforce Index, para clarificar a emergência de uma nova linha de prioridades entre os trabalhadores: “há uma maior exigência de ambientes de trabalho flexíveis e empregadores que promovam um maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal”, realça acrescentando que esta conciliação entre o trabalho e a vida familiar “é um fator cada vez mais determinante na escolha do emprego”.O último Kelly Global Workforce Index, realizado pela Kelly Services junto de um universo de 7500 trabalhadores portugueses, realça que uma percentagem de 75% dos trabalhadores portugueses considera o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é um dos principais fatores a pesar entre a a decisão de aceitar um emprego em detrimento de outro. “Este valor representa um aumento acentuado quando comparado com os 40% de profissionais que pensavam desta forma em 2012”, explica Afonso Carvalho. Na verdade, o estudo enfatiza que 34% dos profissionais lusos estariam dispostos a sacrificar o salário em troca de horários de trabalho mais flexíveis e 27% afirmam mesmo que seriam felizes se tivessem oportunidade de trabalhar a partir de casa.“Atualmente, a possibilidade dos profissionais desenharem o seu próprio work life balance já não é considerada como uma opção, mas sim como uma norma básica pela qual as organizações são avaliadas”, explica o líder da Kelly Services. É neste contexto que se enquadra o conceito de “Work-Life Design”, cada vez mais em voga nas organizações mundiais e uma das principais estratégias de retenção de talento nas empresas. Além da flexibilidade de horários e da possibilidade de trabalhar a partir de casa, Afonso Carvalho destaca outras opções que pesam cada vez mais na decisão de carreira dos profissionais. Por exemplo, 40% dos profissionais inquiridos declararam apoiar a criação de políticas organizacionais que restrinjam o trabalho ou acesso ao email fora das foras de trabalho, fazendo com que o trabalho não ocupe o lugar do tempo pessoal. Afonso Carvalho destaca também o peso crescente dos trabalhadores (agora 42%) que afirmam que “programas de bem-estar organizados pela entidade empregadora, como centros de fitness no local de trabalho ou atividades que reduzam o stress, como yoga ou meditação, têm um impacto positivo no equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional”. Segundo o estudo, 45% dos profissionais portugueses valorizam também a oportunidade de procurar projetos inovadores durante as horas de trabalho, incluindo o trabalho de voluntariado. ?A mentalidade Work-Life Design está a popularizar-se em quase todos os grupos profissionais, mas é a geração millennial (nascida a partir da década de 80) aquela que mais valoriza este modelo de gestão de talento. “Hoje as pessoas esperam mais do que alguma vez esperaram dos seus empregos e ambientes de trabalho. Os profissionais altamente talentosos podem escolher onde e como trabalham”, relembra Afonso Carvalho.