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Empresas formam o que o mercado não tem

Empresas formam o que o mercado não tem

Portugal tem falta de profissionais qualificados na área das Tecnologias de Informação. O problema não é só nacional e tem levado a Europa a definir como prioridade a reconversão profissional e capacitação de perfis com formação base noutras áreas, para carreiras no sector tecnológico. São já muitos os casos de sucesso, mas o equilíbrio entre as competências disponíveis no mercado e as necessidades concretas das empresas ainda está longe de alcançar. Onde podem as organizações recrutar estes profissionais? Que tipo de perfis cabem nestes programas de reconversão? 

08.04.2016 | Por Cátia Mateus


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“Existem atualmente um milhão de postos de trabalho vagos no sector das Tecnologias de Informação por falta de profissionais qualificados”. É Marco Barata, head of Recruitment da consultora Cross Border Talents (CB Talents) para a área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) quem avança o número. O especialista fala de um evidente desajuste no mercado de trabalho europeu nesta área e realça a importância da promoção da literacia digital, através da aprendizagem de conceitos de código, e da reconversão profissional como forma de colmatar o problema e assegurar a integração de profissionais qualificados nas empresas. Uma orientação onde, garante, cabem perfis de quase todas as raízes formativas.

A ideia de que não é necessário ter uma formação base na área das engenharias ou das matemáticas para consolidar uma carreira no sector tecnológico tem vindo a ganhar escala, à medida que aumenta a dificuldade das empresas em contratar profissionais qualificados. Somam-se a nível global vários exemplos de empresas do sector tecnológico que para dar resposta às crescentes necessidades de contratação, criaram academias internas para a formação dos seus profissionais. A Microsoft uniu sob a chancela “Ativar Portugal” um vasto leque de parceiros focados na ambição de potenciar a tecnologia como motor de crescimento económico e estimular o aumento da empregabilidade e de novas oportunidades de negócio no sector. A SAP anunciou recentemente uma parceria com a NOVA IMS, a escola de Gestão da Informação da Universidade Nova, com vista à criação de um centro de desenvolvimento de competências numa universidade europeia, fora da Alemanha, que permitirá a formação tecnológica e a capacitação digital de 300 profissionais por ano. Até 2020, serão 1500 profissionais em Portugal. A InvestBraga, tem uma parceria semelhante com o Instituto do Emprego e Formação Profissional e a Universidade do Minho. Juntos deverão formar até ao final deste ano 200 novos profissionais na área das TI.

Foi também com a missão de colmatar dificuldades de contratação e escassez de perfis qualificados sentidas pelas empresas clientes que a consultora Olispo criou a IT Academy, no início deste ano. Tiago Catarino, diretor comercial da empresa confirma a crescente dificuldade sentida pelos empregadores da área tecnológica em preencher vagas em aberto e a necessidade de acelerar a formação de novos profissionais. “O objetivo da IT Academy é desenvolver competências tecnológicas de profissionais em início de carreira, com formação base na área das TI, para colmatar as necessidades do mercado integrando-os em projetos de vários sectores de atividade”, explica. Desde que foi criada, a IT Academy já colocou no mercado 12 talentos. Tiago Catarino estima ainda durante este primeiro ano de atividade formar e integrar 50 profissionais em empresas, nas áreas de Desenvolvimento Web e Plataformas Mobile, tecnologias Oracle e Microsoft e Redes e Telecomunicações. A IT Academy da Olisipo está claramente focada em perfis que tenham já algum background na área tecnológica - foco da atividade desta empresa que recruta cerca de 200 profissionais por ano -, ao contrário do que sucede na Academia CB Talents.

Os números da consultora CB Talents mais ambiciosos. “A Academia CB Talents tem como missão recrutar, formar e empregar 500 mil profissionais das TI, com o objetivo de colmatar o défice de recursos humanos até 2020”, explica Marco Barata. O contexto de decisão e atuação desta consultora é global e foca-se na criação dos designados “talentos sem fronteiras”. “Temos clientes em determinados países que requerem um conjunto de competências difíceis de encontrar nos seus mercados. A CB recorre à sua rede de recrutadores, dispersos globalmente, o que permite receber talentos sem fronteiras e mobilizar profissionais e competências entre os países”, explica.

O sucesso alcançado com este posicionamento levou a Comissão Europeia a selecionar a Academia CB Talents, entre mais de seis mil empresas que se candidataram ao programa Horizonte 2020, como uma boa prática na área da mobilidade laboral entre países da Europa, integrando a Grand Coaliation for Digital Jobs. Marco Barata, realça que “o sector TIC apresenta plena empregabilidade e salários 40% acima das médias nacionais” e enfatiza que a academia “está preparada para aceitar candidatos de todas as áreas profissionais. Acreditamos que o importante é terem atitude correta e predisposição para trabalhar”. A empresa atrai candidatos de vários países e transforma-os em potenciais candidatos a um emprego tecnológico junto das empresas suas clientes e está não só focada em perfis com background tecnológico, mas também, garante Marco Barata, em jovens profissionais e desempregados.



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