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Como recrutam as startups

Como recrutam as startups

São jovens, apostam muitas vezes em plataformas de incubação para se lançarem no mercado, e ousam arriscar para, mesmo em cenários de crise e austeridade, colocarem no terreno os seus projetos empresariais. Um espírito inovador, audaz, determinado e não raras vezes visionário que se traduz, em muitos casos, na criação de novos postos de trabalho. Em Portugal, 46% dos novos empregos anualmente criados resultam de oportunidades geradas por startups com menos de cinco anos de atividade. Mas para chegar ao patamar da contratação, os mentores destes projetos enfrentam duras batalhas. Quando recrutam são cirúrgicos e o seu foco é sempre a excelência do talento.

20.03.2015 | Por Cátia Mateus


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Miguel tinha 22 anos quando criou a Uniplaces. Cristina 23 quando idealizou a Talkdesk e Luís 33 anos quando deu forma à plataforma Zaask. Qualquer uma destas três empresas soma menos de cinco anos de atividade e, nesse período de tempo, juntas já criaram 145 postos de trabalho em Portugal, preparando-se este ano para recrutar mais 118 novos profissionais.

Os três empreendedores personificam as contas do estudo recentemente divulgado pela Informa D&B - “O Empreendedorismo em Portugal” - que dá conta de que as startups nacionais representam em média 18% do emprego criado em Portugal (ou 46% se alargarmos a análise aos primeiros cinco anos de atividade). Mas são sobretudo o rosto de uma geração de empreendedores que nos últimos anos desafiou a crise e a austeridade e conseguiu gerar emprego no seu país. Cada um deles tem a sua própria fórmula secreta. Em comum têm todos a determinação que todos os atletas cultivam sempre que o objetivo é enfrentar uma corrida de obstáculos. ?

Basta analisarmos os dados de duas das várias incubadoras de empresas nacionais - a Startup Lisboa e a Beta-i - para perceber o potencial de criação de emprego das startups nacionais. No primeiro caso, desde que entrou em atividade (em 2012) a Startup Lisboa já apoiou mais de 200 empresas, responsáveis pela criação de mais de 600 postos de trabalho. Atualmente, a plataforma aloja 80 projetos e 250 profissionais. Na Beta-i, 400 profissionais ganharam um emprego com o apoio da incubadora. mas se estas estruturas atuam como facilitadores, em vários domínios, da entrada das empresas no mercado, não é menos verdade que a parte mais relevante do trabalho reside no foco, na visão dos vários empreendedores responsáveis pelo projeto e na sua capacidade para vencer obstáculos e crescer.?

Em três anos de atividade a Talkdesk, de Cristina Fonseca e Tiago Paiva, captou o interesse de Silicon Valley e da várias empresas (entre elas a Google) e angariou 3,15 milhões de dólares (cerca de 2,5 milhões de euros) de investimento junto de investidores internacionais que traduziu na criação de 40 postos de trabalho e que deverá este ano contratar 60 novos profissionais, 30 dos quais em Portugal. A dupla de empreendedores renunciou a um emprego seguro para criar o seu próprio projeto e Cristina Fonseca realça que o maior desafio é o mesmo do que na fase de arranque: “termos recursos humanos altamente qualificados para fazer face aos desafios constantes com que nos deparamos”. Tanto mais que para Cristina Fonseca, “o talento é a coisa mais importante numa startup e os recursos humanos são as fundações de qualquer ideia, projeto ou processo de execução de um plano”.?

Um foco que é comum ao líder da Zaask, Luís Martins. O empreendedor realça a relevância do talento não só na fase de desenvolvimento de um projeto, mas sobretudo no seu arranque. “Acima de tudo procuramos pessoas com a atitude certa”, explica confessando que atitude é, por vezes, mais importante até dos que os skills técnico cuja ausência pode ser compensada com formação. “Para nós o talento é muito importante, mas consideramos que ter pessoas com várias competências é mais importante no início de qualquer empresa e que há medida que se amadurece o negócio, se deve então optar por especialistas em cada área”, revela. Em pleno processo de expansão para novos mercados, a Zaask recruta preferencialmente gestores de profissionais e perfis para apoio ao cliente. Perfis vitais para alcançar um dos propósitos da empresa: proporcionar uma boa experiência de atendimento aos clientes. ?

Encontrar no mercado as pessoas certas para o impulso inicial de uma empresa nem sempre é fácil. A fundadora da Talkdesk realça a dificuldade que por vezes é contratar em Portugal perfis com o espírito startup e o talento técnico necessário. Miguel Santo Amaro, o líder da Uniplaces está em sintonia com a empreendedora. Para operacionalizar a plataforma de arrendamento académico em Portugal e nas demais geografias onde já atua, reuniu uma equipa de 15 pessoas, escolhidas a dedo. Hoje são 75 os elementos da sua equipa e estão previstas para este ano novas contratações nas áreas do marketing digital, engenharia, vendas e apoio ao cliente. Uma das grandes alegrias de Miguel Santo Amaro foi “ter conseguido atrair talento português que estava no estrangeiro a trabalhar e que aproveitou a oportunidade de poder voltar a Portugal, trazendo uma visão internacional e muito experiente”.

Na Uniplaces trabalham também alguns estrangeiros que, realça o empreendedor, “decidiram mudar-se para Lisboa e estão a adorar a experiência”. Conquistas que não são irrelevantes tendo em conta o contexto de austeridade em que foi criada a empresa e aquele que tem sido o cenário do emprego nacional. Miguel Santo Amaro reconhece que o talento é o órgão vital de qualquer empresa recém-criada e não importa se se trata de talento junior ou sénior. Importante é criar emprego e procurar no mercado quem pode fazer a diferença na consolidação do negócio.



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