Não são apenas estágios onde os recém-graduados testam a sua adaptação ao mercado de trabalho, e aplicam o conhecimento capitalizado durante a formação académica. Os programas de trainees são mais do que isso. Para as empresas, eles são a porta de entrada do talento nas organizações. Os processos de seleção são longos, exigentes, rigorosos e totalmente focados no objetivo de identificar e atrair os melhores talentos. A partir dai, com um programa intensivo e pensado ao pormenor, formam-se aqueles que poderão liderar a empresa no futuro. Esta é altura do ano em que a maioria das organizações faz a sua abordagem às universidades e prepara estes recrutamentos. Para os candidatos, é o momento estruturar bons planos de candidatura. O Expresso percorreu empresas de vários sectores com processos de recrutamento de trainees ativos, para perceber que candidatos procuram. Há mais de 630 oportunidades que não vai querer perder.
Inicialmente mais focados em perfis das áreas da Gestão, Economia, Contabilidade, Finanças ou Direito, os programas de trainees são cada vez mais abrangentes no seu público-alvo. O foco é recrutar talento, seja qual for a sua área de formação. Até porque, o ponto forte de um programa de trainees e aquilo que mais o distingue de um estágio normal, é a forte componente formativa que encerra e o facto de desde o momento da admissão, a empresa ter para cada candidato um plano específico de formação on-job e de evolução dentro da empresa, sempre acompanhado pela figura de um tutor que apoia o desenvolvimento dos recém-diplomados na organização.
PwC, Galp Energia, KPMG, REN, Vodafone e L’Óreal são empresas que há muito apostam anualmente no recrutamento de trainees e têm programas muito consistentes nesta área. Mas há outras, como os CTT, a Teleperformance ou o Santander Totta, que só muito recentemente lançaram os seus programas. Os CTT, por exemplo, têm a decorrer a segunda edição do Programa Trainee CTT, com 13 vagas para recém-licenciados ou mestres até aos 25 anos. No Santander Totta, a segunda edição do Santander Top Training terá este ano 20 vagas para jovens mestres com sólido percurso académico, que durante 12 meses passarão por quatro ou mais áreas funcionais da atividade financeira e conhecerão a sede do banco em Madrid. Já a Teleperformance é uma estreante. A empresa lançou este ano o Programa LeAP que “visa identificar talentos de elevado potencial em universidades portuguesa e lança-los no mundo real da gestão”, explica a empresa. O programa dura seis meses e integra quatro etapas distintas de preparação, “com o propósito de que os jovens possam desenvolver as suas competências de gestão e liderança na Teleperformance Portugal”.
Por norma, são as consultoras quem assegura o maior volume de contratações. A PwC e a KPMG têm, por exemplo, cerca de 200 vagas cada para trainees este ano. A Deloitte não divulga números mas Gonçalo Simões, partner e líder de recrutamento da empresa, destaca o investimento que é feito nos candidatos desde o primeiro dia e acrescenta que “o conhecimento acumulado e as competências que constroem desde o momento zero são críticas para a sua carreira”. Para a PwC, estes programas são um investimento da empresa no talento. António Saraiva, Human Capital Coordinator da consultora, explica que “a média de integração na empresa é, no mínimo, de 95%”. A edição deste ano tem início em setembro de 2016, mas a empresa já está de olho nas universidades e no talentos que delas vai sair. O mesmo se aplica em empresas como a REN, Galp Energia, Vodafone ou Glintt.
No primeiro caso, a REN, tem disponíveis 13 vagas. Elsa Carvalho, diretora de Recursos Humanos, explica além destas vagas há muitos outros estágios a decorrer, mas para este programa específico, com duração de um ano, a empresa procura “jovens com sentido crítico, dinâmicos, vontade de aprender e resiliência”. Mais de metade dos trainees que empresa recebe anualmente integram a empresa.
Na Galp Energia, Vodafone, Glintt e L’Óreal a métrica é superior. A Galp fala em taxas de retenção de 80% dos trainees e a Vodafone eleva a fasquia para os 90%. A Glintt retém 80 a 90% dos seus trainees e na L´Óreal, 11 dos 12 trainees que recebeu nos últimos três anos ficaram na empresa, segundo Charles Arkwright, diretor de RH da empresa. A Galp tem este ano 50 vagas para preencher, com perfis de várias áreas, e a Vodafone “ainda não tem fechado o número de graduates da edição deste ano”, explica Luísa Pestana, diretora de RH. Nos últimos anos a empresa 20 trainees por ano, num programa que dura 24 meses e onde os jovens profissionais são sempre acompanhados por um elemento sénior da equipa, podendo inclusive consolidar uma experiência internacional ao serviço da marca. Glintt e L’Óreal deverão receber, respetivamente, 100 e 4 trainees.
Onde estão as oportunidades
CTT
Nº de vagas: 13 (Gestão, Economia e Engenharia)
Vodafone
Nº de vagas: cerca de 20
Sumol+Compal
Nº de vagas: 4
L’Óreal
Nº de vagas: 4
PwC
Nº de vagas: 200 (Economia, Gestão, Contabilidade, Engenharia e TI)
Galp Energia
Nº de vagas: cerca de 50 (Engenharia, Economia e geociências)
Glintt
Nº de vagas: cerca de 100 (Saúde, Consultoria, TI e Gestão)
REN
Nº de vagas: 13 (Engenharia, Gestão, Economia e Ciências Sociais)
Santander Totta
Nº de vagas: 20 (Gestão, Economia, Finanças, Gestão de Informação, Matemática, Engenharia e Direito)
KPMG
Nº de vagas: 200 (Economia, Gestão, Contabilidade, Finanças, Matemática, Direito, Engenharia e Informática de Gestão)
Teleperformance
Nº de vagas: 8 (maioritariamente Gestão e Tecnologias)