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Retoma: o regresso do otimismo e das contratações

Retoma: o regresso do otimismo e das contratações

A economia está a dar sinais de recuperação e o mercado de trabalho demonstra-o, seja no otimismo de quem contrata, seja entre os empreendedores que decidem criar o seu próprio negócio e com ele empregar outros. Das Tecnologias de Informação a algumas áreas da Engenharia, sem esquecer o sector financeiro ou as vendas, há sinais de que 2015 será um ano de regresso às contratações.

25.10.2014 | Por Cátia Mateus


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O otimismo está de volta ao mercado nacional e, timidamente, está a gerar movimentações no mercado de trabalho, depois de largos meses de preocupação para profissionais e candidatos. Ao mesmo tempo que o mais recente Sage Business Index dá conta do entusiasmo das empresas nacionais para 2015, ano em que segundo o estudo se esperam “melhorias significativas na performance dos negócios nacionais”, também a empresa de executive search Stanton Chase faz realçar o otimismo dos executivos portugueses na edição desde ano do CEO Survey.

Com uma visão mais positiva em relação à economia e, consequentemente, à criação de emprego, 71% dos líderes empresariais inquiridos pela Stanton Chase declaravam-se otimistas em relação ao crescimento moderado da economia nacional. Em 2013 essa percentagem não excedia os 28%. José Bancaleiro, managing partner da Stanton Chase realçava a propósito das conclusões do estudo o potencial de crescimento evidenciado pelos CEOs nacionais para setores como o turismo e hotelaria, as telecomunicações e tecnologias de informação ou agricultura e sector agroalimentar, como áreas de crescimento da capacidade competitiva nacional face aos mercados globais. “Relativamente às principais linhas de orientação do negócio em 2014, o tom das empresas é positivo e ambicioso: 36% mencionam estratégias de crescimento, 34% de internacionalização e 34% de diversificação”, refere.

Fruto deste cenário, o mercado de trabalho nacional também tem registado um impacto positivo. Paula Baptista, managing partner da empresa de recrutamento Hays Portugal, confirma-o: “a economia portuguesa começa a dar os primeiros sinais  positivos e o mercado de trabalho parece estar a recuperar o seu dinamismo”. Mas para a especialista, para que os candidatos possam beneficiar desta recuperação, as suas competências terão de estar orientadas para as necessidades das empresas. Sustentando-se das conclusões preliminares do Guia do Mercado Laboral para 2015 que a Hays organiza anualmente clarificando as competências mais valorizadas pelos empregadores, Paula Baptista delimita como áreas de oportunidade profissional as  tecnologias de informação – onde se destacam as competências Java ou .Net e mobile, mas também algumas softskills muito especificas como a proatividade e a orientação para resultados que, esclarece, “parecendo lineares para qualquer candidato, são decisivas num processo de recrutamento”.

Mas nem só na área tecnológica têm aumentado as intenções de contratação das empresas nacionais. Uma análise às ofertas de emprego divulgadas via Expresso Emprego torna evidente o aumento da procura de novos profissionais para as áreas financeira, da banca e seguros, para funções de funções de gestão, para a área da saúde (médicos de várias especialidade e enfermeiros, mas também outros técnicos) e em alguns ramos da engenharia, onde se destacam a engenharia eletrotécnica, mecânica, informática ou a ligada às energias renováveis. Fruto também da aposta das empresas no alargamento do seu mercado, há sinais de otimismo também entre os profissionais ligados à área das vendas e ao marketing.

Empreendedorismo também mexe
Do lado do empreendedorismo, os sinais são também positivos. Basta analisar os dados do Iapmei Inovação para identificar sinais de otimismo, com impacto na criação de emprego nacional. Durante os primeiros seis meses do ano, o número de pequenas e médias empresas (PME) que aderiram ao estatuto criado em 2006 para facilitar o acesso a financiamento de projetos de empreendedorismo português, totalizou quase o mesmo número do que os registados em todo o ano de 2013. Até ao final de junho deste ano, o Iapmei Inovação somou 12 candidaturas, com um investimento total estimado de 11 milhões de euros. Em termos globais, os projetos têm como previsão criar cerca de 300 novos postos de trabalho.

Esta tendência de crescimento que se vem evidenciando já desde o ano passado, é também reforçada pelo “Estudo do Empreendedorismo em Portugal 2007-2013”, da Informa D&B. Segundo o estudo, há mais empresas a nascer em Portugal, ainda que a sua dimensão possa ser mais reduzida. Um novo contexto que poderá resultar diretamente do aumento das situações de desemprego que levou muitos profissionais a optarem pela criação de projetos próprios. O relatório torna claro que 2013 foi, desde 2007, o melhor ano do empreendedorismo nacional somando-se 32.581 empresas criadas por iniciativa de 47.650 empreendedores. A maioria destas empresas (53%) eram detidas apenas por um sócio. Um crescimento de 17% face a 2007, altura em que a maioria das empresas geradas em solo nacional resultava da iniciativa de vários parceiros.

Reputação lusa potencia emprego no estrangeiro
Além das oportunidades geradas em solo nacional (ver caixa), a reputação dos profissionais portugueses além-fronteiras têm também aberto portas a novas oportunidades noutras geografias. São os países lusófonos que figuram no topo da lista de preferências dos profissionais portugueses na altura de internacionalizar a carreira, com Angola a liderar o ranking dos principais destinos. Ao país rumaram no último ano centenas de profissionais das mais diversas áreas, com particular enfoque nas ligadas aos setores da engenharia. Área onde os profissionais portugueses são também muito requisitados, por exemplo, para a Noruega onde existirão atualmente, segundo dados oficiais, perto de 6000 vagas para preencher.

Fernando de Almeida Santos, presidente da Ordem dos Engenheiros – Região Norte, que recentemente acolheu um seminário sobre oportunidades de emprego para engenheiros portugueses em Angola, soma cerca de 2189 engenheiros lusos a trabalhar em destinos como Angola, Moçambique e Brasil. Cerca de 289 saíram este ano. Para o responsável, “a saída destes profissionais para o estrangeiro tem de ser analisada em duas vertentes: a que traz valor acrescentado aos profissionais e ao país e a que, pelo contrário, em nada beneficia uns ou outros”. Contudo, Fernando de Almeida Santos, não nega alguma preocupação com o facto de áreas como a engenharia civil estarem, sucessivamente, a perder candidatos ao ensino superior. A breve prazo, alerta, “o país poderá ter de lidar com um défice de especialistas nesta área”.

No setor da saúde, os profissionais portugueses – médicos e enfermeiros - tem também vindo a ser disputados por unidades hospitalares do Reino Unido, França ou Emirados Árabes Unidos. São cada vez mais os hospitais a recrutar em Portugal, em várias especialidades da medicina. A bolsa de oportunidades da Ordem dos Médicos confirma a elevada procura de clínicos nacionais para países como a Irlanda, Alemanha, Bélgica, França, Guiné ou até Macau. É a reputação de elevada qualidade técnica dos profissionais portugueses, associada à sua capacidade de adaptação, domínio de idiomas e competências humanas que alargam, também nesta área, o leque de oportunidades dos profissionais portugueses.

Porém, para alguns especialistas ainda que seja benéfica a imagem positiva que os profissionais portugueses causa em empresas internacionais, é necessária alguma prudência no desequilibro de qualificações que esta opção pela internacionalização pode gerar no mercado de trabalho nacional. Paula Baptista cita as conclusões do mais recente Global Skills Index, o estudo anual da Hays em parceria com a Oxford Economics, focado nas competências dos profissionais, a partir do qual é já possível identificar uma desadequação das competências detidas pelos profissionais portugueses face às necessidades das organizações. Segundo a especialista, “ Portugal é já um dos quatro países do mundo que regista maior grau de desadequação entre a qualificação dos perfis disponíveis no mercado e o que procuram as empresas”. Uma realidade que para a líder da Hays exige uma séria reflexão.



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