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Criação de emprego na saúde a distintas velocidades

Criação de emprego na saúde a distintas velocidades

Nos últimos anos, o Serviço Nacional de Saúde tem perdido médicos e enfermeiros, ora por reformas antecipadas, saídas para hospitais e clínicas privadas, ora ainda por melhores oportunidades de carreira e formação a nível internacional. Se há sector que lida com um grave problema de fuga de cérebros é este. Por cá, apenas o indústria farmacêutica tem, timidamente, reconquistado alguma dinâmica nas contratações. Inverter a tendência exige para os especialistas, coragem para repensar todo o modelo de gestão da saúde em Portugal.

22.04.2016 | Por Cátia Mateus


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No início deste mês, um grupo de hospitais árabe esteve pela terceira vez em Portugal a contratar médicos para hospitais em Riade e Dammam, por salários que podem atingir os 12 mil euros mensais (isentos de impostos), alojamento, seguro de saúde, viagens pagas e vários prémios. Medicina intensiva, anestesiologia, cardiologia, neonatologia, radiologia, cirurgia estética, dermatologia, endocrinologia, pediatria, neurologia e medicina geral e familiar estão entre as especialidades mais procuradas pelos grupos internacionais que recrutam médicos em Portugal. Nos últimos dois anos sairam do país 869 clínicos. A maioria para países europeus. A acompanhá-los foram cerca de 5.572 enfermeiros. Os números certificam aquilo que para Pedro Caroço, diretor da área de Saúde e Ciências da Vida (Healthcare & Life Sciences) da consultora de recrutamento Michael Page, já se tornou evidente. Na área da Saúde, a criação nacional de emprego caminha a velocidades distintas, entre o sector privado e na indústria farmacêutica.?

“Em cada 100 enfermeiros formados em Portugal, 65 pedem autorização à Ordem para exercer a profissão no estrangeiro”, afirma Ana Rita Cavaco, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, enfatizando que “há já enfermeiros que nem sequer procuram emprego em Portugal”. Para a Bastonária, o atual cenário do sector é crítico em matéria de criação de emprego. Nos últimos cinco anos, emigraram mais de 12 mil enfermeiros portugueses. “Profissionais altamente qualificados, reconhecidos pelas solidez das suas competências técnicas noutros países, mas que não encontram oportunidades de carreira e formação contínua aliciantes em território nacional”, explica. Ana Rita Cavaco explica que a maior parte destes profissionais pedem certificação para exercer no estrangeiro logo após a conclusão da sua formação. Para países como o Reino Unido, Portugal há muito que se tornou uma fonte de profissionais altamente qualificados. “Com as contratações para o sector público muito limitadas”, são cada vez mais os que procuram oportunidades internacionais.

Área clínica e indústria com dinâmicas distintas
Pedro caroço confirma-o: “a área clínica e hospitalar enfrenta graves dificuldades de retenção de profissionais, seja pela passagem de quadros para o sector privado, seja pela emigração”. A precariedade dos vínculos contratuais, os baixos salários, o elevado número de horas de trabalho contínuas e ausência de oportunidades de formação e progressão na carreira impulsionam, segundo o especialista a saída para mercados internacionais onde estes perfis são muito valorizados. Para a Bastonária, este cenário é resultado de uma estratégia contínua de redução da despesa na Saúde que para Ana Rita Cavaco está errada. “O atual contexto é fruto de sucessivos erros de gestão. formar um enfermeiro numa escola pública custa ao Estado entre 20 a 25 mil euros, em quatro anos. Estamos a investir nestas formações para os mandarmos embora depois”, realça acrescentando que qualquer inversão do quadro atual, que diz não só ser necessária como urgente, passa por corrigir este erros de gestão e assumir o sector da Saúde como área estratégica que é para o país. A redução em 30% do número de vagas para os cursos de enfermagem no ensino superior público é uma das propostas da Ordem para adequar a formação de profissionais à capacidade de absorção do sector.

Na indústria farmacêutica o cenário é distinto. Durante a crise esta foi uma das áreas que mais oscilações revelou, mas desde 2014 o mercado das contratações tem estado timidamente a recuperar dinâmica, ainda que esta recuperação esteja sobretudo sustentada na rotação de profissionais entre empresas. “Em matéria de empregabilidade, a indústria farmacêutica está mais dinâmica do que área clínica e hospitalar, mas as contrações que ocorrem são ainda maioritariamente fruto da rotação de profissionais entre empresas e não resultam propriamente da criação de novos postos de trabalho no sector”, explica o diretor da área de Saúde & Ciências da Vida da Michael Page.



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